No processo de transformações da sociedade, ao longo dos tempos, várias inovações tecnológicas e novos produtos surgiram para atender as novas necessidades e as grandes demandas de consumo. Assim, as empresas em geral foram obrigadas a remodelar sua linha de produção para atender às novas exigências do mercado. Em conseqüência do aumento dos volumes processados e das mudanças sofridas na cadeia de produção, houve, ao final, um crescimento considerável na quantidade de subprodutos e materiais residuais.
Uma vez que cada empresa é responsável pelos resíduos a que der origem, a busca de soluções para a correta destinação desses resíduos gerados no processo de produção constitui-se num fator de grande importância e constante preocupação no dia-a-dia das empresas. Além do rigoroso controle exercido pelos órgãos de fiscalização ambiental, as ações das empresas também são vigiadas pela comunidade, que está em permanente estado de alerta. Esse é um assunto que está despertando nas empresas uma crescente necessidade para adoção de medidas mais abrangentes e o direcionamento de sua atuação para além de suas atividades normais, investindo em ações que contemplam benefícios ao seu público interno e externo. Com isso, ganha cada vez maior importância o enfoque ao desenvolvimento de projetos e programas de cunho social.
Nesse contexto, a UTRESA, Central de resíduos localizada em Estância Velha, apresenta um modelo de gestão diferenciado e compartilhado, com várias atividades e projetos implantados voltados ao reprocessamento e reaproveitamento de materiais residuais, sintetizando uma concepção de Projeto Social com o escopo de prestar um serviço essencial à comunidade. A UTRESA presta serviços e desenvolve atividades de gerenciamento, tratamento e destinação final de resíduos industriais. A constante busca da capacitação tecnológica e do aperfeiçoamento dos sistemas implantados visa, através do reaproveitamento de materiais residuais, a eliminação ou minimização de passivos ambientais.
Exatamente à questão dos passivos ambientais deverá ser dada especial atenção, e numa escala cada vez mais crescente. Hoje, a forma sistematicamente utilizada para a destinação de resíduos resume-se em canalizar os depósitos de resíduos para o simples confinamento, em áreas especialmente preparadas para receber diferentes classes de materiais residuais. Entretanto, essa deverá ser uma prática a ser revista num curto espaço de tempo, estimado em cinco a dez anos, uma vez que novas condutas serão exigidas com vistas à preservação ambiental, amparadas por normas legais cada vez mais rígidas, como imposição ou reflexo natural das tendências seguidas em outros países. Sob essa nova ótica, vários ajustes deverão ocorrer, como o aperfeiçoamento do sistema de segregação dos resíduos a partir das fontes geradoras e a adequação de toda cadeia de produção, objetivando, ao término dos processos, resultados com zero material residual ou em número menor possível.
Durante o ano de 2001, outro passo importante foi dado pela UTRESA. Num ato absolutamente inovador para essa área de atuação na região, sob a orientação do Sistema de Apoio Institucional (SIAI), decidiu-se pela fundação da UTRESA – União dos Trabalhadores em Resíduos Especiais e Saneamento Ambiental –, segundo a Lei nº. 9.790/99. Constituiu-se uma entidade sem fins lucrativos, qualificada pelo Ministério da Justiça como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), regida por legislação e estatuto próprios.
Com um trabalho árduo desenvolvido ao longo dos anos, a UTRESA vem contabilizando importante experiência no gerenciamento de resíduos industriais, prestando serviços, atualmente, a mais de mil usuários. Muito ainda há para ser feito e melhorado, é um constante desafio. Apesar da elevada demanda e das inúmeras dificuldades enfrentadas para operacionalização de todo o empreendimento, continuamente são abertos espaços para novos estudos e projetos com propostas de alternativas para melhor reaproveitamento de resíduos.
O quadro atual sobre destinação de resíduos, demonstrado pela maioria das Centrais de Resíduos, apresenta uma muralha de justificativas apontadas como causas para as dificuldades enfrentadas na adoção de medidas práticas para melhoria da gestão dessa atividade. Citam-se: os altos custos para implantação de projetos envolvendo materiais recicláveis com tecnologia própria; a inexistência, em muitos casos, da alternativa tecnológica viável; ou ainda, a resistência na aprovação, pelo órgão de controle ambiental, de novos projetos para materiais passíveis de reaproveitamento com a incorporação de tecnologias avançadas, empregadas por empresas no exterior, com identidade de processos, inéditos em nosso meio e, por isso, ainda não completamente conhecidos e dominados.
Sob essa concepção, notabiliza-se a importância do Projeto Social da UTRESA através de um trabalho conjunto e bem elaborado, traduzido pelas ações desenvolvidas com seus parceiros internos (com geração de empregos/renda), e da obtenção de bons resultados na racionalização e otimização do gerenciamento do grande banco de resíduos, minimizando efeitos de impacto ambiental, que, em última análise, são em benefício de toda a comunidade.
É o despertar para as ações com responsabilidade social. É um novo estágio da história empresarial brasileira. Consiste numa atuação consciente e responsável, baseada numa visão holística, que deve refletir em contribuições mais efetivas e eficientes na área social e cuidados na preservação do meio ambiente. É a necessidade de desarmar o egoísmo e interesses próprios para dar lugar ao bom senso e interesse comum. Somente pela priorização de programas de conscientização e do desenvolvimento sustentável com ações interativas entre os diversos setores teremos “o todo preservado por todos”.



Nenhum comentário:
Postar um comentário